Promotora:Elaine Castelo Branco/ Foto: Do Livro (A Menina das Estrelas)
A forma como nos expressamos tem um poder imenso, e quando falamos sobre pessoas com deficiência, a linguagem evoluiu significativamente. O termo "portador de deficiência", que já foi amplamente utilizado, está sendo gradualmente substituído por uma terminologia mais inclusiva e respeitosa. Essa mudança reflete uma compreensão mais profunda de que a deficiência é apenas uma característica, e não a totalidade da identidade de uma pessoa.
Historicamente, o termo "portador" carregava uma conotação de alguém que carrega um fardo, algo negativo e indesejado. Essa perspectiva individualiza a deficiência como um problema pessoal, negligenciando os obstáculos sociais e ambientais que muitas vezes impedem a plena participação das pessoas com deficiência.
A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU, ratificada pelo Brasil, é um marco importante nesse debate. Ela adota o modelo social da deficiência, reconhecendo que as barreiras impostas pela sociedade são o principal fator de exclusão. Portanto, em vez de "portador de deficiência", a linguagem moderna prefere termos como "pessoa com deficiência".
Essa simples mudança de preposição — de "de" para "com" — é poderosa. Ela enfatiza que a deficiência é uma condição que acompanha a pessoa, mas não a define. A pessoa vem em primeiro lugar, e sua deficiência é apenas um de seus atributos. Outras formas de se referir a essa realidade incluem "pessoa com deficiência física", "pessoa com deficiência visual", "pessoa com deficiência auditiva", "pessoa com deficiência intelectual" ou "pessoa com deficiência psicossocial", dependendo da necessidade de especificação.
Adotar uma linguagem inclusiva não é apenas uma questão de etiqueta; é um ato de reconhecimento, dignidade e respeito. É um passo fundamental para construir uma sociedade onde todas as pessoas, independentemente de suas características, sejam vistas, valorizadas e tenham suas plenas capacidades e direitos garantidos. A mudança na linguagem é um reflexo e um motor para a mudança social, promovendo um mundo mais justo e equitativo para todos.
Por Elaine Castelo Branco