Uma história de fé, cura e sincretismo religioso, Cosme e Damião são venerados em diferentes tradições no Brasil. Eles são conhecidos como santos gêmeos, padroeiros dos médicos e farmacêuticos, e protetores das crianças.
História e Tradição Católica
Quem foram?
Cosme e Damião foram dois irmãos gêmeos, que viveram na região da Síria durante o século III (D.C.).
Eles eram médicos e ficaram famosos por praticar a medicina de forma gratuita (o que lhes valeu o título de "anárgiros", ou "sem prata"), ajudando pessoas com doenças físicas e espirituais.
Por serem cristãos devotos durante a perseguição do imperador Diocleciano, foram presos, torturados e, por fim, decapitados por volta do ano 303, tornando-se mártires.
Veneração Católica
São considerados os padroeiros dos médicos, cirurgiões, farmacêuticos e crianças.
A Igreja Católica celebra a festa de São Cosme e São Damião no dia 26 de setembro. Essa data foi alterada em 1969, para não coincidir com a celebração de São Vicente de Paulo, que é comemorada em 27 de setembro.
Sincretismo e Culto Afro-Brasileiro
No Brasil, a figura de Cosme e Damião está fortemente ligada ao sincretismo religioso, especialmente nas religiões de matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda.
Ibejis e Erês
No Candomblé e na Umbanda, Cosme e Damião são sincretizados com os Ibejis (ou Erês), orixás infantis que simbolizam a pureza, a alegria, a inocência, a dualidade e a cura.
Os Ibejis são frequentemente representados por dois (ou três, com a inclusão de Doum/Idoú) irmãos e são tidos como poderosos, dominando a magia e a capacidade de enganar a morte (Iku).
A celebração nas religiões de matriz africana é realizada tradicionalmente no dia 27 de setembro.
A Tradição dos Doces
A famosa tradição brasileira de distribuir doces e guloseimas no dia 27 de setembro está diretamente ligada à associação dos santos com os orixás infantis Ibejis/Erês. Essa prática é uma homenagem a essas entidades que adoram brincadeiras e guloseimas.
É comum, especialmente na Bahia, o preparo do "Caruru de Cosme e Damião", uma refeição ritualística completa, com caruru (quiabo), vatapá, arroz, e doces, que é oferecida a sete crianças.
Em resumo, Cosme e Damião são uma poderosa intersecção de crenças: mártires cristãos que curavam os enfermos, e no Brasil, símbolos da infância e da dualidade divina por meio do sincretismo com os Ibejis.
Viva Cosme e Damião